"Oh! Bendito o que semeia / livros... livros à mão cheia / e manda o povo pensar! / O livro caindo n'alma / é germe que faz a palma, / é chuva que faz o mar". Castro Alves

terça-feira, 19 de abril de 2011

Nosso Clube de Leitura

O Clube de Leituras acontece mensalmente e reúne mediadores de leitura, coordenadores e gestores das instituições integrantes da EMredando Leituras. O primeiro encontro deste ano aconteceu no dia 14 de abril na praia da Penha.
O livro escolhido para esse encontro foi Essa história está diferente organizado pelo escritor e jornalista Ronaldo Bressane. Nessa obra dez autores de estilos diferentes criam contos baseados em músicas de Chico Buarque.

Os participantes do Clube de Leitura cantaram a música Feijoada Completa de autoria de Chico e acompanharam a leitura do conto escrito por Luis Fernando Veríssimo, inspirado na referida música. O grupo destacou a importância do Clube como momento especial para sua formação como leitores, condição essencial para mediar leitura nas bibliotecas onde atuam.
No final do encontro os participantes escolheram, entre os 90 títulos que compõem o acervo da Rede, alguns livros para empréstimo.

Essa História Está Diferente

"Em Essa história está diferente, dez autores de estilos diversos recriam em ficção o cancioneiro do compositor carioca Chico Buarque.
Na composição do time de autores, organizado pelo escritor e jornalista Ronaldo Bressane, a ideia foi universalizar o imaginário do autor de Budapeste e Leite derramado. Pelo caráter multifacetado, a obra do compositor de versos como "O meu pai era paulista/ Meu avô, pernambucano/ O meu bisavô, mineiro/ Meu tataravô, baiano/ Meu maestro soberano/ Foi Antonio Brasileiro" sintetiza o Brasil - e cada vez mais conquista o mundo. Os registros literários captados por esta antologia foram os mais díspares: alguns contos se baseiam fielmente nos "causos" musicados por Chico, outros os usam como trilha sonora, cenário, atmosfera, outros emprestam das canções a estrutura, e há aqueles que somente o utilizam como mote."  Fonte: http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=12803



Entre os autores internacionais, o argentino Alan Pauls adaptou "Ela faz cinema" e a transformou na história de um pai zeloso que combina o ciúme pela mulher e pela filha com manias como ler num restaurante enquanto come; o mexicano Mario Bellatin inspirou-se em "Construção" para ambientar a narrativa de um homem que, numa consulta ao fisioterapeuta, escuta uma história bizarra envolvendo uma declamadora de versos e um papagaio; o moçambicano Mia Couto criou um conto romântico a partir de "Olhos nos olhos"; e o também argentino Rodrigo Fresán escolheu "Outros sonhos" para um conto-ensaio tecido sobre variações oníricas.
Entre os brasileiros, Carola Saavedra esmiúça em detalhes uma discussão de relacionamento em sua narrativa baseada em "Mil perdões"; André Sant'Anna preferiu "Brejo da cruz" para falar do presente e do futuro dos meninos de rua; Cadão Volpato parte de "Carioca" para tratar da história de amor entre um jovem intelectual e uma misteriosa garota que se hospeda em sua casa; João Gilberto Noll recriou "Vitrines" em registro de novela gótica, focando a relação obsessiva entre dois homens que se conhecem num shopping; Luis Fernando Verissimo cozinhou "Feijoada completa" em chave de comédia da vida privada; e, por fim, Xico Sá reescreveu "Folhetim" como um triângulo amoroso contado por um carioca desmemoriado que talvez tenha perdido a mulher numa Quarta-Feira de Cinzas.
Uma surpresa a cada virada de página. Com as canções de Chico na cabeça, o leitor vai se admirar com as inúmeras possibilidades narrativas que elas inspiram e com o inesgotável gênio criativo desses principais nomes da literatura contemporânea.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

EMredando Leituras promoveu o evento "Literatura no Parque"

    No dia 02 de abril de 2011, no Parque da Cidade - Salvador, aconteceu o Literatura no Parque é um dos eventos literários realizados pela Rede Emredando Leituras. O local escolhido para o evento do dia 02 de abril foi o Parque da Cidade. Naquela tarde, o público frequentador do Parque, crianças e jovens  que vão às bibliotecas comunitárias participaram de contação e leitura de histórias, do recital de poesias, dramatização e se deixaram levar pelos encantos das boas leituras.

 


terça-feira, 12 de abril de 2011

Comédias para se ler na escola

A preocupação de inserir a leitura no cotidiano das pessoas é cada vez maior. Essa questão gera discussões e muitas desculpas para não se ler um livro - ora o livro possui um número muito extenso de páginas, não possui gravuras, ora o tema não agrada ou ainda, a capa não é atrativa - mas tais desculpas são injustificáveis, posto que o hábito de ler transforma a mente humana.

Esta inquietação induziu Ana Maria Machado a reler durante meses textos de Luis Fernando Veríssimo, e preparar uma seleção de crônicas capaz de despertar nos estudantes o prazer e a paixão pela leitura. O resultado pode ser conferido em Comédias para se ler na escola.

O livro foi criado no intuito de atingir um público que não está acostumado a ler obras literárias. E como é uma coletânea de textos curtos e de leitura fácil, qualquer um pode ler e se satisfazer com as boas medidas de descontração contidas na obra.

Comédias para se ler na escola começa com a apresentação de Ana Maria Machado, que revela como envolver as pessoas no universo da leitura. Em seqüência apresenta um breve comentário do trabalho de Veríssimo, dos textos pequenos e de como são fabricados, de como são enxutos - cortados sem dó todos os excessos - fica só o precioso e o resto é jogado fora.

Em sua capa, o livro traz o autor sentado em uma cadeira escolar, arremessando um aviãozinho de papel. Possui cores alegres e os textos são organizados de forma a parecer ainda mais atrativos, com letras grandes e um bom espaçamento entre as linhas.

O livro foi divido em seis parte de acordo com o assunto principal, e não são apenas humorísticos já que tratam de reflexões que têm o objetivo de atingir determinada situação através de uma história divertida.

No capítulo "Equívocos", o autor apresenta fatos inusitados e desfechos inesperados pelo leitor, e esse é o grande trunfo de Luis Fernando Veríssimo, porque ele surpreende o leitor quando desvia o texto do curso comum.

Em “Outros tempos”, as crônicas são de certo modo saudosistas, pois são sempre lembranças do autor de uma época que se torna engraçada depois que passamos por ela, a juventude.

“De olho na linguagem” é uma inserção em queixas corriqueiras da gramática e da língua.

“Fábulas” mostra situações do cotidiano pelo lado cômico.

“Falando sério” trás uma seleção de crônicas que expõem os problemas comuns de todo cidadão.

“Exercícios de estilo” fecha com chave de ouro essa obra. O autor brinca com sua facilidade de criar e utiliza outros estilos de texto sem perder a graça e a desenvoltura.

Texto retirado do blog: http://lfverissimo.blogspot.com/

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A Ironia em Um Homem Célebre

Dizer o contrário daquilo que se pensa de forma intencional e perceptível. Esta é a definição mais usual de ironia. Melhor do que discorrer conceitualmente sobre essa figura de linguagem, é situá-la na obra literária onde encontra morada e razão poética de ser. Este é o caso do conto de Machado de Assis, Um Homem Célebre.
 Um Homem Célebre é um conto de Machado de Assis no qual a densa narrativa do conto apresenta um compositor que se sente impotente perante a impossibilidade de concretizar o seu sonho: compor um grande clássico da música erudita. Por mais que se esforçe, não logra qualquer sucesso. Ao contrário de seu desejo, o seu talento natural é para compor polcas, música popular e destituída do prestígio do meio erudito. Aí não lhe falta criatividade e uma profusão de composições. Por conta disso, Pestana torna-se famoso e rico compositor de polcas.

Pestana não é, apesar de tudo, um homem feliz. Embora as suas músicas sejam famosas o seu sonho é compor uma peça clássica, uma sonata. Ele bem tenta procurar inspiração em Mozart e Beethoven, mas acaba sempre por compor uma polca que acabará por ser um sucesso. O facto de não conseguir alcançar o seu ideal de perfeição deixa-o desequilibrado e a insatisfação que sente é de tal ordem que o leva à falência e ele vê-se obrigado a vender os seus bens para pagar as dívidas.  

Por uma cruel ironia do destino, a "natureza" lhe dotou de um talento para as polcas e não para as sonatas. Sem alcançar o prestígio dos imortais da música clássica, Pestana morre "bem com os homens e mal consigo mesmo".